Discurso de Franklin D. Roosevelt de 8 de Dezembro de 1941

Acerca do Discurso

A 8 de Dezembro de 1941, o presidente americano Franklin D. Roosevelt compareceu perante uma sessão conjunta do Congresso e pediu uma declaração oficial de guerra ao Japão.

No dia anterior, o Japão tinha lançado um ataque a Pearl Harbor, uma base naval no Hawai. As perdas foram devastadoras: seis de oito navios de guerra, três fragatas e sete outros navios foram afundados ou gravemente danificados. Mais de metade dos aviões da ilha foram destruídos. 2.400 americanos foram mortos e 1.200 feridos.

Ao lançar uma ofensiva surpresa o comando militar japonês esperara que, ao mesmo tempo que incapacitava a frota naval americana, o ataque enfraquecesse a moral dos Estados Unidos e colocasse a nação americana num papel defensivo na Segunda Guerra Mundial.

No entanto, o ataque teve o efeito contrário e literalmente da noite para o dia toda a nação apoiou o presidente americano que já há dois anos tentava conseguir uma aliança militar com o Reino Unido contra a Alemanha e o Japão.

A 8 de Dezembro, com apenas um voto contra, o Congresso declarou a existência do estado de guerra entre os Estados Unidos e o Japão. Era a entrada formal dos Estados Unidos na Guerra. A deputada Jeannette Rankin, uma Republicana do Montana, foi a autora do único voto contra. Esta deputada era uma acérrima pacifista e já antes tinha votado contra a entrada dos americanos na Primeira Grande Guerra. Neste mesmo dia, 8 de Dezembro, a Grã-Bretanha declarou guerra ao Japão.

Para a versão original ver
Roosevelt, Franklin D. Speech by Franklin D. Roosevelt, New York Transcript. 1941. Pdf. from the Library of Congress, <www.loc.gov/item/afccal000483/>

Discurso de Franklin D. Roosevelt de 08 de Dezembro de 1941

Fotografia de FDR a assinar a Declaração de Guerra com o Japão
"Senhor vice-presidente, senhor orador, membros do senado e da casa dos representantes, ontem, 7 de Dezembro de 1941 - uma data que ficou para sempre infame - os Estados Unidos da América foram subita e deliberadamente atacados pelas forças navais e aéreas do Império do Japão.

Os Estados Unidos estavam em paz com essa nação. E, por solicitação do Japão, estava ainda em conversações com o seu governo e o seu imperador com vista à manutenção da paz no Pacífico. De facto, uma hora depois dos esquadrões japoneses começarem a bombardear a ilha americana de Oahu, o embaixador japonês nos Estados Unidos e os seus colegas, entregaram ao nosso secretário de Estado uma resposta formal a uma mensagem americana recente. E, apesar de esta resposta afirmar que não havia muito sentido em continuar as negociações diplomáticas conversações, não continha qualquer ameaça ou suspeita de guerra ou de um ataque armado.

Relembremos que a distância do Hawai ao Japão torna óbvio que o ataque foi deliberadamente planeado há muitos dias ou mesmo semanas. Durante esse tempo, o governo japonês procurou deliberadamente enganar os Estados Unidos através de comunicados e expressões de esperança falsos numa paz continuada.

O ataque, ontem, nas ilhas hawaianas, causou um severo prejuízo às forças navais e militares americanas. Lamento dizer-vos que muitas vidas americanas se perderam. A acrescentar a isto, recebemos relatórios de navios americanos torpedeados em alto-mar entre São Francisco e Honolulu.

Ontem, o governo japonês também lançou um ataque contra a Malásia.

A noite passada, forças japonesas atacaram Hong-Kong.

A noite passada, as forças japonesas atacaram Guam.

A noite passada, forças japonesas atacaram as Filipinas.

A noite passada os japoneses atacaram a Ilha de Wake.

E esta manhã, forças japonesas atacaram a Ilha de Midway.

O Japão iniciou assim uma ofensiva surpresa que se estende pela área do Pacífico. Os factos passados ontem e hoje falam por si próprios. O povo dos Estados Unidos já formou a sua opinião e compreende bem as implicações para a vida e segurança da nossa nação.

Como comandante em chefe do exército e da marinha ordenei que fossem tomadas todas as medidas para a nossa defesa. Mas, a nossa nação, sempre recordará como um todo o carácter do massacre cometido contra nós.

Não importa quanto tempo nos possa levar, nós ultrapassaremos esta invasão premeditada!

O povo americano, na sua justa bravura, irá ultrapassar todos os obstáculos, até à vitória absoluta!

Acredito que interpreto a vontade do Congresso e do Povo quando assumo que, não nos iremos apenas defender até às últimas consequências mas que tornaremos muito claro que esta forma de traição nunca mais nos deixará em perigo.

As hostilidades existem. Não se pode sequer pensar duas vezes sobre se o nosso Povo, o nosso território e os nossos interesses se encontram em grave perigo.

Com confiança nas nossas forças armadas - com a total determinação do nosso Povo - chegaremos ao inevitável triunfo - assim queira Deus.

Peço ao Congresso que declare que, desde o ataque vil e não provocado do Japão, ao Domingo, 7 de Dezembro, passou a existir um estado de guerra entre os Estados Unidos e o Império Japonês. 

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